terça-feira, 16 de setembro de 2014

A SAUDADE QUE FICOU: ALES: A DIGNIDADE DO HOMEM NÃO ESTÁ NO TAMANHO

Ales: a vitória contra o preconceito
 <> Sua estatura era de 1,20 m. Por causa do tamanho, da condição de anão, poderia ter sido bastante discriminado pela sociedade. Mas, Francisco Ales Bezerra ,viveu como qualquer semelhante de estatura normal: estudou, trabalhou, constituiu família, se divertiu muito. Evidente que, em algumas ocasiões, enfrentou problemas relacionados ao preconceito, por caraterísticas físicas fora dos padrões mas, nada que atrapalhasse o seu grande amor pela vida e pelos amigos. Filho de Morada Nova, nasceu em 31.12.1935, vindo, ainda adolescente, para a terra dos monólitos. Inicialmente, morou na residência da senhora Magela(esposa de Raimundo Nobre) e, com muito entusiasmo, estudou no então, Ginásio Valdemar Alcântara. Fez parte da primeira turma do curso ginasial e sua dedicação, seu esforço, foram enaltecidos na noite festiva da entrega dos certificados, ocorrida em 27.11.1960, nas dependências do próprio ginásio. Por ter se destacado nos estudos, o jornalista João Eudes Costa fez publicar no jornal 'O Povo", o feito daquele jovem que nunca faltou a um dia de aula.                                                                                                                                                           Ales trabalhou durante quase 20 anos, no escritório do senhor Aziz Baquit, ao lado de amigos como Murilo Viana, jacinto Gomes, Evandro, Jonas Rocha, dentre outros. Dedicado, honesto, gozava da confiança de toda a equipe de trabalho. A sua biografia se torna mais bonita, ao destacarmos uma linda, linda demais, história de amor. Bem próximo ao seu trabalho, funcionava o posto do "INPS" e naquele local, uma jovem muito bela, por nome de Liduina,esperava na fila, a hora do atendimento. Ales, no caminho para o trabalho, ficava a olhar, imaginando a oportunidade de comunicar seu encantamento. Numa linda noite de natal(todas as noites de natais são lindas), depois da missa na Catedral, os jovens foram à praça e, em meio aquela magia, declararam o amor de um para com o outro. E em meio a tantos jovens, tanta explosão de alegria, o passeio de mãos dadas; a parada na barraquinha para saborear o pedaço de bolo mais gostoso; a volta na roda gigante, pensando alcançar as nuvens e o tão sonhado primeiro beijo. O casamento aconteceu em meados dos anos 70, fazendo a alegria dos incontáveis amigos. Este grande e verdadeiro amor, durou até o falecimento de Ales, ocorrido em 19.07.1984. Desta união, nasceram os filhos Jaqueline e Junior, que fazem valer os ensinamentos dados pelo inesquecível pai. Os irmãos Edmar, Edvan, a eterna esposa Liduina, os filhos e os  amigos, jamais esquecerão aquele homem que nos mostrou, não ser a  condição física, um motivo para se indignar. Ao contrário, Ales amou o quanto pode, à vida, a família e os amigos. É por isso e algo mais, que não sai de nossas lembranças. Um abraço de todos nós, amigo ALES.
Ales(última fila), numa excursão com os colegas da escola a cidade do Crato-1960
Momentos de desconcentração com os amigos Clóvis e Evandro

réveillon-1969, Balneário

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

ZÉ BODEGA- CRAQUE DE UM TEMPO EM QUE SE JOGAVA POR AMOR

 <>Nos anos 50, o então adolescente José Augusto da Silva(Zé Bodega), recebia as orientação do treinador Manoel Abílio e vestia a camisa do Ypiranga, que marcou época na terra dos monólitos. Muitos desportistas ainda lembram daqueles craques que se apresentavam e enchiam os olhos da torcida, como por exemplo, Truman, Sassá, Dema, Zé Wilson, Adão, João do Pedro, Cleber, Carlos Capistrano, Tarcísio Nobre, dentre outros. Naqueles anos(50, 60, 70), havia muitos espaços e campos de treinamento eram improvisados pelos Times. Por exemplo, o Ypiranga realizava seus treinos, em frente a casa do senhor Elisiário. Além de enfrentar clubes locais como o forte time do Colégio Valdemar Alcântara, a equipe se apresentava em outros municípios e isto acontecia mais vezes, na vizinha Quixeramobim. A rivalidade era enorme, sendo necessária, em algumas situações, a presença de policiais nos campos de jogos. Zé Bodega, apelido colocado, em função de sua atividade comercial, também defendeu a equipe do treze, comandada por joão Marcos. Com o uniforme idêntico ao do Ceará Sporting, conseguiu angariar a simpatia de muitos torcedores. Se apresentando bem nessas equipes, sendo atacante de qualidade,  logo foi convidado para jogar no Bangu, equipe consagrada e detentora de muitos títulos. João Eudes Costa e toda a diretoria recebeu de braços abertos, a nova aquisição. Jogou ao lado de Wagalume, Catolé, Flávio, Gibi, Mano, Benedito Maia, Cacete(irmão), Tarcísio Nobre, Nonato. Zé Bodega nunca esqueceu de uma apresentação, desta vez, defendendo o Avante, em Limoeiro do Norte.  A seleção de Limoeiro do Norte era muito forte, naqueles anos mas o tricolor quixadaense venceu por "1 X 0", gol marcado pelo Cacete, irmão do Zé. Mas toda a jogada que redundou no gol, foi trabalhada por Zé Bodega que, inclusive, recebeu convite para ir morar e jogar, naquela cidade, o que não foi aceito.A equipe quixadaense viajava em duas kombis, de propriedade do Senhor Zé matias, quando se apresentava fora de Quixadá. O craque era amigo de todos mas, principalmente, do treinador Edinho e de Adão, colega de time. Foi convocado por Saldanha e defendeu a seleção quixadaense que disputou o Intermunicipal, de 1961, onde outros craques se destacaram, como Wagalume, Zé Leônidas, Perpétuo, Epitácio e Neco. Os três últimos, paraibanos. O prefeito desportista Zé Baquit, mandava busca-los em suas cidades de origem, em dias de jogos. Antes do Quixadá Futebol Clube, a nossa Seleção era o "xodó' da torcida.                                                                                                                                                                                                  Paralelo a sua atividade como atleta, Zé trabalhava com muito afinco, exatamente para que nada faltasse a família que tanto amava. Trabalhou com o Senhor Gersário, Zé Crispino, Afonso Carcará. Casou-se em 1967 com Antonieta(Pitonha) e desta união nasceram os filhos Paulo Sérgio, Carlos Eduardo, Maria do Socorro, Maria das Graças, Ivana. O craque foi chamado por Deus em 18.12.2010. deixando muitas saudades na família, amigos e desportistas. Com certeza, Zé Bodega tem um cantinho reservado no coração daqueles que apreciam o futebol, jogado com amor.
Com o craque e melhor amigo Adão

doce juventude, anos 70, no açude do Cedro

Com Francisco e Tutu, decada de 2000

Depois de uma operação-o apoio de todos

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

TIPOS POPULARES DE QUIXADÁ(9): PEDÃO DA ÁGUA BOA- UM SÍMBOLO DA CIDADE

O colorido tambor chama a atenção de todos
 <>Assim, como em outras cidades, a bela Quixadá também tem seus tipos populares. Eles significam a alma das ruas, dão vida e personificam, com seus estilos comportamentais, a alegria, o otimismo, a simplicidade. Deles, recebemos grandes lições de amor à vida, desprendimento, desapego as convenções impostas por uma sociedade que se caracteriza pelo "sempre ter mais". O senhor Pedro Nogueira Viana, conhecido como "Pedão da água boa" se enquadra, perfeitamente,  neste perfil. Desde 1957, quando tinha 17 anos, este pacato senhor trabalha como carroceiro, abastecendo as casas com água, um bem tão necessário a vida. Seria apenas mais um, não fosse o fato de exercer o trabalho de uma forma bem diferente, criando uma forma toda especial de comunicação com as pessoas, fazendo uso de um "marketing" próprio, divulgando o seu produto, enfeitando de cores e acompanhada de frases, o tambor de sua carroça. "Mamãe chegou o Pedão da água boa", curiosa frase que está bem à mostra, no tambor, todo colorido de azul, vermelho e branco, com as cores de seu time de coração, que é o Fortaleza Esporte Clube. Pedão nos informou que pegou esta frase de uma criança, avisando a sua mãe da chegada do alegre trabalhador. É claro que Pedão virou uma atração na cidade, um personagem muito interessante e que sempre atrai a atenção, inclusive da mídia, já tendo sido motivo de várias matérias, algumas com grande repercussão.                                                                
                                                                                    Tudo começou quando seu tio, Chico medonho, lhe pediu que tomasse conta de sua carroça, pois iria desenvolver outras atividades. E o jovem aceitou o desafio. Quixadá era ainda uma cidade muito pequena e pacata, nos anos 50. Alguns de seus companheiros de profissão eram Raimundo Rufino, Afonso da carroça, Joãosão, Zé Grande, Malaquias, Seu Liliu. Segundo nos informou Pedão, no bairro do São João, sua morada ainda nos dias de hoje, só existiam umas vinte casas. Durante muitos anos, abasteceu o velho mercado público, Campo Novo e outros espaços da cidade. A água, então, de ótima qualidade, era retirada nos canais do açude do Cedro e esta atividade, acontecia até a chegada da noite. Se faz necessário informar que os carroceiros quixadaenses, naquele tempo, forneciam água para o funcionamento do precário sistema energético de alguns equipamentos.                                                                                                Sempre ao seu lado e tornando possível, uma linda história de amor, a doce Mirtes é a grande companheira de todas as horas. Enfrentaram muitas barreiras mas, venceram todos os obstáculos. Casaram-se no dia 30.10.1965, na catedral, com as bençãos do Padre José Bezerra Filho. Desta união, nasceram os filhos: Luis Alexsandro(trabalha com o pai), o
 professor Claudemir, Reginaldo, Wladimir, Pedro Junior, Lindovânia e  Lindaiana. Com certeza, ao desenvolver esta simples atividade, os carroceiros nos mostram que é possível  viver com dignidade, criar a família, mesmo na modernidade. O radialista Alexandre Magno(trabalhou na pioneira Rádio Uirapuru e Monólitos), definiu, com muita propriedade, a figura de pedão da água boa: " Ele é um cronista da cidade, uma mistura de trabalhador e repórter, pois na sua labuta diária, toma conhecimento do que acontece e divulga o incontrolável crescimento da terra dos monólitos! Ele é um símbolo da bela Quixadá!"                                                                                                                                                                                                                                              
Pedão- tipo popular muito querido

Ainda jovem, virou atração na cidade

Anos 70- assistindo o crescimento da cidade

Mirtes e Pedão - anos 70 - uma linda história de amor